A Mãe das Mães, Pintura e Desenho de Maria Teresa Crawford Cabral, é uma exposição da Colecção Berardo comissariada por Rui Carita, que reúne pela primeira vez toda a produção desta artista, radicada na Alemanha, sobrinha bisneta de Henrique e Francisco Franco e neta de João Cabral do Nascimento e Maria Franco.
Nas palavras de Rui Carita: “Dada a oposição, mas também a relação dos seus desenhos e pinturas, optamos pela exposição dos mesmos, em duas séries independentes, uma das quais integrando os núcleos das séries de pintura, pontualmente incorporando alguns dos desenhos relacionados com as mesmas, e outra, os restantes desenhos. Pensamos assim estabelecer uma aproximação e confrontação do trabalho de desenho de modelo, no seu mimetismo imediato, e a criatividade complexa da sua pintura. A encerrar, voltamos a expor uma nova série de desenhos, procurando apresentar, de forma independente, os pontos de partida e de chegada das duas formas de trabalho.
Nas palavras de Rui Carita: “Dada a oposição, mas também a relação dos seus desenhos e pinturas, optamos pela exposição dos mesmos, em duas séries independentes, uma das quais integrando os núcleos das séries de pintura, pontualmente incorporando alguns dos desenhos relacionados com as mesmas, e outra, os restantes desenhos. Pensamos assim estabelecer uma aproximação e confrontação do trabalho de desenho de modelo, no seu mimetismo imediato, e a criatividade complexa da sua pintura. A encerrar, voltamos a expor uma nova série de desenhos, procurando apresentar, de forma independente, os pontos de partida e de chegada das duas formas de trabalho.
Ao longo destes anos a pintora tem continuado a desenhar a partir de modelo, demonstrando uma profunda necessidade de se assenhorear do corpo humano. No entanto, salvo raras excepções, os seus trabalhos a acrílico e a óleo não incorporam depois directamente os modelos desenhados.
Podem-no, pontualmente fazer, a partir de formas e posições anteriormente desenhadas, mas numa oposição à mimética tradicional, pois advêm directamente da recriação contínua e sugerida pelos diversos suportes materiais criados, sobre os quais então desenha. Os suportes, sucessivamente recriados e amalgamados pelas mãos e pés da pintora, são assim essenciais para a sequente criação e recriação até à obra final, dispensando a presença de qualquer modelo.
Podem-no, pontualmente fazer, a partir de formas e posições anteriormente desenhadas, mas numa oposição à mimética tradicional, pois advêm directamente da recriação contínua e sugerida pelos diversos suportes materiais criados, sobre os quais então desenha. Os suportes, sucessivamente recriados e amalgamados pelas mãos e pés da pintora, são assim essenciais para a sequente criação e recriação até à obra final, dispensando a presença de qualquer modelo.
Foi editado um catálogo bilingue com reprodução de todas as obras de Maria Teresa apresentadas nesta exposição.
Maria Teresa Crawford Cabral nasceu a 2 de Setembro de 1959, em Lisboa. A incursão no desenho e na pintura começou ainda em criança, sob a influência da avó Maria Franco, sobrinha de Henrique e Francisco Franco, a quem os pais, após partirem para Angola, haviam-na deixado ao cuidado. Nesta relação com a avó, por sua vez, discípula familiar de Henrique e Francisco Franco, Maria Teresa adquiriu desde muito cedo o gosto pelas artes plásticas.
Em meados dos anos 60 foi para África, ao encontro dos pais e aí frequentou um atelier para adultos, na Câmara Municipal de Sá da Bandeira. É nesta altura, ainda enquanto adolescente, que começa a pintar a óleo, de uma forma praticamente autodidacta, esclarecendo algumas técnicas de pintura com os frequentadores do referido atelier. Em 1974/75, como tantos outros residentes das ex-colónias regressou a Portugal com a família. Depois de concluir o liceu em Lisboa, matriculou-se na escola de artes Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. Entre 1977 e 1980 frequentou os ateliers/cursos de João Hogan, Manuel Costa Cabral, António de Sena e Nuno da Câmara Pereira. Simultaneamente, formou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, considerando que a relação entre estas duas disciplinas, a pintura e a filosofia, uma criativa e a outra reflexiva, foi complementar para o seu percurso profissional.
Após terminar a licenciatura de Filosofia, em 1985, mudou-se para a Alemanha, onde reside actualmente. O motivo da mudança foi o casamento com Matthias Mocarski, de nacionalidade alemã. Nos primeiros anos, a viver em Dortmund, fez um interregno na carreira artística por razões financeiras.
A necessidade então de trabalhar para sobreviver levou-a a executar vários tipos de trabalhos, desde leccionar aulas de Português, no Auslandsinstitut e na Berlitz Schule, à locução e jornalismo radiofónico na WDR (rádio oficial da região) durante vários anos.
Em 1994, voltou à actividade artística. Para aprofundar os conhecimentos e técnicas, matriculou-se na Escola Superior Técnica de Design, Fachhochschule Dortmund, nos estudos de Design Gráfico e Comunicação Visual. Concluiu a formação em 2002, e dessa data até 2006, continuou a frequentar as aulas de Akt-Zeichnen (desenho modelo), do professor, desenhador e escultor Peter Freese, o qual teve uma presença fundamentalno desenvolvimento da sua actividade artística. Nesta Escola foram importantes para o seu percurso os encontros com os artistas plásticos Hartmut Böhm, Willo Goenissen e H. Schrader e a frequência dos seus cursos.
Até 2001, Maria Teresa atravessou uma fase experimental abstracta, que rapidamente pôs de lado. Iniciou uma nova fase em cuja temática assentou na representação concreta da figura humana. Terminou nesta altura, Die Dreizehn Vortlönen (Os Treze Prétlönistas), a série de obras complexas que, de certo modo, revelaram a maturidade artística, através de uma abordagem temática mais conceptual.
A primeira exposição individual surgiu em Junho de 2005, na Galeria do Teatro Fletch Bizzel, proposta pelo “Dortmunder Gruppe”, em Dortmund. Dois anos mais tarde, integrou a exposição colectiva Grafik aus Dortmund, na Berswordt-Halle, com 48 artistas da Região e foi nomeada membro da Liga Deutscher Werkbund. Em 2008, iniciou a docência da cadeira de desenho de modelo na Ruhrakademie (Academia de Artes, Design e Cinema), em Schwerte.
Nesse mesmo ano, o coleccionador português, o Comendador José Berardo, adquiriu toda a sua colecção particular, resultando na organização da exposição no Centro das Artes Casa das Mudas, Calheta, Madeira, intitulada A Mãe das Mães. Pintura e Desenho de Maria Teresa Crawford Cabral, que agora se apresenta no Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo.
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